SOLIDÃO/AMOR/DOR

Duma solidão, sem procura ou esperança,
Nasce um amor.
Primeiro dia, primeiro mês, primeiro ano,
É dor.


Outrora sorrisos, promessas, hoje lágrimas,
Um futuro promissor, um presente arrasado, destruído,
Mais triste e com lembranças piores que as do passado.


Em certo pensamento nesse tempo em que nos achamos,
Fui amado ou odiado?
Porque foi-me dada dor se fui amado,
Se odiado, porque me foi dado amor.
Perguntas sem respostas,
Haja respostas, mas sem explicação,
Mas para que houve perguntas, se no fundo sabemos a razão.


O amor têm destes enigmas,
Ora paga com dor, ora arranca o amor.
Se só arranca-se um sentimento, mas espreme até a alma,
E decepa até a vida.


Mas que vida?
Já a houve, já existiu um corpo que respirou, que cheirou, o cheiro do amor.
Que saboreou o gosto da dor.
Uma alma que sorriu, que chorou, e assim se ficou,
Chorando, pranteando.




É o amor, que com quanto mais amor se lhe paga,
Mais nos retribui.
Melhor seria não lhe pagar, e o mesmo nada nos dar.
Que de amor não estamos cheios,
Mas de dores estamos arrebentar.


A morte que ceifa essa vida,
É na realidade a sua verdadeira amiga.
A que lhe acaba com o sofrimento,
É verdade que não lhe dá um sorriso de alegria,
Mas também não lhe oferece um de tristeza.


Sorrisos de alegria, esses dá-os o “amor”,
Por instantes, breves momentos,
Os sorrisos mais intensos, aqueles tristes, vazios, de lamentos,
O mesmo amor é o que presenteia o sofredor.


Quem não conhece o amor,
Esse é a alegria,
A dor.
Esse é a companhia,
A solidão.
Esse é o sorriso,
A lágrima.
A vida e a morte…